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Cientistas portugueses recebem mais de 90 mil euros para investigar processos que levam à morte neuronal em doença autoimune rara

Cientistas portugueses recebem mais de 90 mil euros para investigar processos que levam à morte neuronal em doença autoimune rara

Entender as alterações celulares e bioquímicas que ocorrem nos neurónios e que levam à acumulação de neurofibrilas (pequenas fibras que se acumulam no interior das células nervosas) levando à morte neuronal, particularmente na doença anti-IgLON5, é o objetivo central de um projeto de investigação liderado em Portugal pela Universidade de Coimbra (UC), que vai receber mais de 90 mil euros de financiamento da Chan Zuckerberg Initiative.

O projeto Unraveling anti-IgLON5 disease-associated tauopathy with neuroproteomics – que vai estar em curso entre junho de 2024 e dezembro de 2025 – vai estudar mais concretamente a doença anti-IgLON5, uma patologia autoimune rara, muito pouco estudada e com elevada taxa de mortalidade. Nas fases iniciais, manifesta-se como uma doença do sono e do movimento, em que, ao nível celular, ocorre acumulação de neurofibrilas, que consistem em agregados proteicos no interior dos neurónios, que levam à sua degeneração. Com este estudo, os cientistas esperam também perceber de forma mais geral como é que o cérebro é afetado em doenças caracterizadas por neuroinflamação, perturbações do sono e disfunção cognitiva.

“Até agora não foi possível entender as alterações bioquímicas e celulares iniciais que levam à neurodegeneração em tauopatias (doenças neurodegenerativas, como as doenças Alzheimer, Parkinson e anti-IgLON5)”, contextualiza o investigador do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC (CNC-UC), Luís Ribeiro.

Neste contexto, para compreender melhor o processo destas alterações, a equipa vai criar “um modelo de doença em que vai usar autoanticorpos obtidos a partir de pacientes com a doença anti-IgLON5”, sublinha o também líder do projeto. Luís Ribeiro elucida que as pessoas portadoras desta patologia “desenvolvem autoanticorpos contra uma proteína da superfície neuronal – a IgLON5 –, que se julga levarem à formação de neurofibrilas neuronais e, consequentemente, à morte neuronal, mas, no entanto, o mecanismo não é conhecido. Estes autoanticorpos proporcionam-nos, portanto, a ferramenta ideal para estudar estes mecanismos”.

Além de entender estes mecanismos, esta investigação pode permitir identificar, de forma mais global, “princípios sobre a forma como o cérebro é afetado em geral por doenças caracterizadas por neuroinflamação, perturbações do sono, e disfunção cognitiva”, avança o investigador da UC. No caso particular das perturbações do sono, os pacientes com a doença anti-IgLON5 apresentam este tipo de problema de forma muito vincada e, como tal, “acredita-se que a proteína IgLON5 possa também ter um papel importante no controlo do sono”, refere o líder do projeto. Por isso, “identificar as proteínas que interagem com a IgLON5 vai permitir perceber as vias de sinalização que são controladas por esta proteína, que, por um lado, poderão regular o sono; e, por outro, poderão estar comprometidas nas tauopatias”, acrescenta.

A entidade financiadora, a Chan Zuckerberg Initiative, apoia investigadores de diferentes universidades e as suas equipas para que, em conjunto, explorem abordagens inovadoras e interdisciplinares para enfrentar desafios críticos nos domínios das doenças neurodegenerativas e da neurociência fundamental. A parceira da UC neste projeto é a Northwestern University, dos Estados Unidos da América, através da equipa liderada por Jeffrey Savas, que vai igualmente receber mais de 90 mil euros para conduzir a investigação.

Na UC, o projeto vai envolver também a investigadora do CNC-UC e docente do Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia, Ana Luísa Carvalho; as investigadoras do CNC-UC, Beatriz Marques, Jeannette Schmidt e Maria Ester Coutinho; e a estudante de doutoramento do CNC-UC, Beatriz Ribeiro.

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